Protetores Solares Químicos vs Físicos Naturais

Escolher um protetor solar é uma tarefa que exige informação e responsabilidade. Ter conhecimento sobre o que vamos colocar na nossa pele e sobre o que vamos libertar igualmente nos oceanos ou descartar no seu final de vida, é algo que merece a nossa avaliação mais criteriosa.

Neste artigo falamos sobre as principais diferenças entre os protetores solares químicos e os físicos/minerais, bem como a importância de optarmos sempre que possível por opções naturais ou orgânicas.
Mas antes fazemos um breve enquadramento histórico de como surgiu o primeiro protetor solar. Embora a proteção da pele contra os raios UV seja uma preocupação da humanidade desde a Antiguidade, onde civilizações gregas ou romanas recorriam a misturas de azeite, areia e extratos de plantas para se protegerem, a verdade é que o primeiro protetor solar eficaz surgiu em 1944, na Segunda Guerra Mundial, pelas mãos do farmacêutico americano Benjamin Green. Para proteger os soldados expostos a queimaduras solares frequentes, Green desenvolve um protetor derivado de uma substância do petróleo semelhante à vaselina, o petrolato veterinário vermelho.

Mas o que é um protetor solar químico e como funciona?

Os protetores solares químicos neutralizam os raios solares quando estes entram em contacto com a pele. No entanto, as substâncias presentes nestes filtros solares são degradadas pelo sol e podem gerar radicais livres que são absorvidos pela pele diretamente para a corrente sanguínea. Estudos indicam que estas substâncias podem provocar também elas cancro da pele ou problemas endócrinos, pois ao apresentarem uma atuação semelhante à das nossas feromonas podem desregular o nosso sistema hormonal a longo prazo.

Embora estas sejam soluções mais fáceis de espalhar na pele e que não deixam uma camada branca tão visível, os compostos químicos presentes nos protetores solares convencionais, além de potencialmente nocivos para o organismo, são também poluentes e altamente prejudiciais para a vida dos recifes de corais e todo o ecossistema marítimo.

Os protetores solares químicos convencionais utilizam substâncias como a oxibenzona, que mesmo em baixas concentrações prejudicam a vida marinha. A oxibenzona é um composto químico presente atualmente na maioria dos filtros UV químicos. De acordo com a EWG (Environmental Working Group), a oxibenzona encontra-se em 80% dos protetores solares químicos do mercado e estima-se que pode ser detetada em 96% da população americana. A EWG determinou que a oxibenzona possui um nível de toxicidade de 8/10, ou seja, é considerado um dos ingredientes mais tóxicos da indústria cosmética. Pertence a uma classe de substâncias químicas cada vez mais associada a problemas como a puberdade precoce, baixa produção de esperma, bem como cancros relacionados com desequilíbrios hormonais.
A oxibenzona é altamente tóxica para a vida marinha e para os ecossistemas em geral, provocando o branqueamento e consequente morte dos recifes de corais. É igualmente tóxica para as algas, ouriços, peixes e mamíferos marinhos como os golfinhos, que tal como os humanos podem transferir esta substância para os bebés através da amamentação. Foi também detetada a presença desta substância na urina 30min após a aplicação destes protetores solares.
De acordo com os cientistas uma única gota de oxibenzona tem um impacto nos corais equivalente ao tamanho de 6 piscinas olímpicas. Por isso mais de 15.000 toneladas de protetor solar libertado no mar em destinos turísticos populares representa hoje um verdadeiro problema ambiental que é preciso combater. Outros ingredientes como o metoxicinamato e a canfora presentes na lista internacional de substâncias químicas SIN (SUBSTITUTE IT NOW), derivados de óleos minerais, parabenos, polímeros de silicone e siloxanos cíclicos não são biodegradáveis e são potencialmente tóxicos para a vida marinha. Nano partículas não revestidas de óxido de zinco ou óxido de titânio, são igualmente tóxicas e proibidas na Europa, pois podem ficar alojadas nos pulmões ou formarem radicais livres prejudiciais à pele e a todo o organismo quando em contacto com os raios solares.

Porque é que o protetor solar físico/mineral é uma opção mais segura para a saúde e com menor impacto ambiental

Um protetor mineral funciona como uma barreira física que reflete e bloqueia os raios solares UVA e UVB. Esta barreira é conseguida graças a minerais como o dióxido de titânio ou o óxido de zinco que, por serem partículas cuja dimensão e estabilidade não reagem com os raios solares, não penetram na pele, ficando à sua superfície.
O seu efeito é imediato, ao contrário dos protetores sintéticos que precisam de ser colocados 30 min antes da exposição ao sol para puderem reagir com os raios solares. Oferecem uma proteção de maior duração, embora seja recomendada a sua reaplicação após o banho ou após algum tempo de exposição solar.
Ao criarem uma camada na pele, os ingredientes não são absorvidos pela pele e por isso não provocam irritação e não são alergénicos.
Existem, no entanto, muitos protetores minerais no mercado que embora funcionem como barreira física contra os raios solares, possuem na sua composição ingredientes químicos prejudiciais para a saúde. Daí a importância de escolhermos protetores solares minerais naturais ou orgânicos. Estes são totalmente biodegradáveis e por isso não são nocivos nem para o corpo humano nem para o ambiente.
São igualmente mais hidratantes para a pele e mais seguros para todo o tipo de peles incluindo, peles sensíveis, bebés, idosos, pessoas com cancro ou imunodeprimidas.
É também importante escolhermos protetores solares embalados sem plástico, em embalagens reutilizáveis ou feitas a partir de materiais biodegradáveis.